O kudurista, activista social e influenciador digital Puto Prata decidiu expor, através do seu canal no YouTube, os verdadeiros motivos que o levaram a afastar-se do projecto Team de Sonho e da produtora LS & Republicano. No último domingo, 23, o artista, cujo nome de registo é Henrique Mandande Cangari, revelou detalhes sobre os conflitos com Nino Republicano, fundador da LS & Republicano, e acusou o empresário de boicotar a sua carreira e fechar portas na indústria musical angolana.
Puto Prata começou por recordar o primeiro desentendimento que teve com Nino Republicano, ocorrido entre 2014 e 2015. Segundo o kudurista, durante um encontro, Nino teria desrespeitado não apenas ele, mas também os músicos Maya Cool e Don Kikas, dirigindo-se a eles de forma grossa: “O quê que vocês estão a fazer aqui?”, disse Nino, segundo o relato de Prata. A confusão foi ao ponto de os dois quase chegarem a uma discussão física entre os dois, sendo necessário a intervenção do rapper JD para evitar.
A partir desse episódio, Puto Prata afirma que deixou de ser visto como um “bom rapaz” dentro da indústria musical e que, por influência de Nino Republicano, teve oportunidades bloqueadas. “Ele tinha convénios com outros produtores, fazia parte de reuniões que eu não fazia”, disse.
Apesar disso, o kudurista continuou a batalhar pela sua carreira e conseguiu ganhar destaque no mercado. Segundo ele, a sua ascensão foi um factor que levou a LS & Republicano a convidá-lo para integrar o projecto Team de Sonho, pois “o Team estava meio a dormir”.
Outro ponto abordado por Puto Prata foi a sua reconciliação com Nagrelha, com quem teve um dos beefs mais notórios do kuduro. O kudurista revelou que a produtora LS & Republicano não teve qualquer influência nessa reaproximação. Na verdade, a paz entre os dois aconteceu naturalmente, durante um voo para São Tomé e Príncipe, onde conversaram e resolveram as suas diferenças.
Foi a partir desta nova amizade que surgiu a ideia de gravarem juntos a música “Wamona”, lançada no álbum Team de Sonho Vol. 3, em 2018. Prata destacou que, após a LS perceber que os dois estavam de bem, Nino Republicano enviou Big Nelo para falar com ele e formalizar a sua entrada no projecto. O kudurista já tinha a música pronta, mas ajustou a letra para que se encaixasse no álbum.
“Wamona era o hit do Team de Sonho (Vol. 3). Ninguém diz o contrário, era sucesso”, afirmou Puto Prata.
Após a entrada no Team de Sonho, Puto Prata começou a enfrentar novos desafios dentro da produtora. O maior deles aconteceu durante a organização de um show do grupo em Portugal. Segundo o kudurista, Nino Republicano informou-lhe que teria de comprar o seu próprio bilhete de passagem para participar do evento.
“Eu já tinha sido anunciado como artista do show, mas internamente estavam a discutir bilhetes de passagem. Quando perguntei, soube que alguns colegas tiveram as passagens pagas, mas a minha não”, contou Prata.
Mesmo ciente da retaliação que sofreria, decidiu usar o seu próprio dinheiro para viajar, pagando também as despesas das suas bailarinas. Durante o espectáculo, interrompeu a sua actuação para agradecer ao público e revelou a situação:
“Muito obrigado pelo carinho. Eu fiz de tudo, eu não queria perder este show, mas eu vim para Portugal para vos agradar. Vim com o meu dinheiro. Comprei bilhete para mim, para minhas bailarinas, hotel e tudo.”
Após a sua performance, Puto Prata notou um clima pesado nos bastidores e, ao final do evento, afirmou ter sido abandonado pela produtora, sendo forçado a caminhar com a sua equipa até onde estava hospedado.
No dia seguinte, tentou entrar em contacto com membros da produtora, mas não recebeu resposta.
Depois do show em Portugal, Puto Prata foi excluído do grupo de WhatsApp do Team de Sonho. Doutorado, tal como Puto Prata autointitula-se, relatou que só percebeu que estava fora do projecto quando questionou o seu alinhamento num próximo evento e não obteve resposta. Posteriormente, foi informado por Puto Português que já não fazia parte do grupo.
“Eles usaram o Puto Português para me dizerem que estava fora. Quando tentei reagir, fui removido do grupo pelo Big Nelo”, revelou.
Prata tentou ainda conversar com Big Nelo sobre a sua saída, mas recebeu a resposta de que Nino Republicano não aceitaria o seu regresso.
O kudurista afirmou que a LS & Republicano continuou a usar a música “Wamona” em eventos, mesmo após a sua saída. Segundo ele, a base da música e a sua estrutura já estavam idealizadas antes da entrada no Team de Sonho, e ele chegou a pensar em abrir um processo judicial contra a produtora.
Além disso, Puto Prata criticou a falta de apoio dos seus colegas durante este período em que foi afastado do projecto.
“O mundo da música em Angola é sujo, é muito falso”, declarou.
O kudurista concluiu o vídeo afirmando que tem muitas outras histórias para contar sobre os bastidores da indústria musical angolana e que, no momento certo, partilhará mais detalhes.
Assista o vídeo na íntegra: