MCK lança duas músicas em antecipação do álbum “Sementes”

Depois de um interregno de dois anos, MCK tem música nova. O rapper e ativista angolano lançou digitalmente dois novos singles, “A Corrupção Venceu” e “Gérmen, Pobreza Reproduzida” (feat Tio Hossi), que levantam o véu sobre o álbum Sementes, a editar em maio.

Além de as músicas já estarem disponíveis em todas as plataformas de streaming, “Gérmen, Pobreza Reproduzida” (feat Tio Hossi) estreou-se com videoclipe na TV Zimbo, em Angola, na quinta-feira 25. O vídeo já pode igualmente ser assistido através do canal de YouTube de MCK. Neste single, o rapper reflete mais uma vez sobre as assimetrias da sociedade angolana, desta feita representada pelas relações laborais. Na letra contundente, é evidenciada a precariedade laboral e as diferenças de tratamento entre “classes sociais”, definidas pelo estatuto económico. Esta realidade é transversal a toda a sociedade e conduz amiúde ao assédio moral e sexual, que se mantém muito por causa da ausência de legislação que dignifique o trabalhador.

Sobre o tema “A Corrupção Venceu”, MCK explica: “O combate contra a corrupção não é um capricho de um Presidente da República. É o ar puro e fresco necessário para a sobrevivência de um país e de um povo. A captura do Estado e a corrupção, sobretudo, depois de 2002, impediram a felicidade e prosperidade de um povo e uma nação. A partir de 2017, houve esperança, houve mobilização social ao apelo político, houve entusiasmo. Hoje, seis anos passados, a esperança murchou, o desalento triunfou. Acabou a corrupção? Não. Houve um combate eficiente contra a corrupção? Não. O poder judicial esteve à altura do momento histórico de luta contra a corrupção? Não. Os avanços nesse combate, a efectiva consciência dessa necessidade, existiram, mas não corresponderam ao oceano de intenções e ambições da população. Existe um abismo entre retórica e prática. O sistema corrupto foi mais forte e adaptou-se aos novos tempos. No fundo, parece que alguma coisa mudou, para ficar tudo na mesma. A velha máxima do Príncipe de Falconeri mantém-se a regra, ontem como hoje.”

Com quatro álbuns lançados, Trincheira de Ideias (2002), Nutrição Espiritual (2006), Proibido Ouvir Isso (2011) e Valores (2017), mais do que um rapper, MCK (Katrogi Nhanga Lwamba) é um crítico social e cultural. Atualmente, é advogado de profissão mas sempre foi uma “voz de denúncia, de consciencialização e de resistência”, como escreveu o jornalista Mário Lopes, no jornal Público, em dezembro de 2017. E foi sobretudo através do rap que MCK fez questão de colocar esses problemas sob os holofotes e exigir mudança.

A sua música incentiva à reflexão e convida à ação, a sermos agentes de mudança. O novo registo de originais Sementes, a editar em breve, é precisamente uma chamada de atenção para a atual situação política, económica e social da sociedade angolana.. Os singles que o músico estreia esta semana dão o mote para este novo trabalho.


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