Mano Chaba, jovem talento do kuduro, já descansa no Cemitério do 14, em Luanda, após um funeral que mobilizou milhares de fãs, amigos e familiares neste domingo, 26. A cerimónia, marcada por grande emoção, contou também com incidentes que envolveram gás lacrimogéneo e confrontos com a polícia, reflexo da tristeza que a perda do artista gerou no público.
Mano Chaba, cujo nome de registo era Germias Ekundi Tchucúlia, faleceu tragicamente na terça-feira, 21, vítima de afogamento. O jovem artista, que tinha apenas 17 anos, era uma das grandes promessas do kuduro, conhecido por sucessos como “Sonhos”, “Menino de Rua”, “Flex” e o recente “Regra do Jogo”, uma colaboração com Deezy, CEO da SOS (Sould Out Skwad), sua editora musical.
O funeral foi realizado no Cemitério do 14 e contou com a presença de cerca de 20 mil pessoas, entre fãs, amigos e familiares. Parte da multidão, que se deslocou para prestar o último adeus ao artista, provocou momentos de desordem devido à dificuldade em controlar o elevado número de presentes. A Polícia Nacional de Angola mobilizou mais de três mil efectivos para assegurar a ordem durante o velório e cortejo. Contudo, apesar do reforço da polícia, a situação agravou-se, resultando em confrontos.
Os agentes recorreram ao uso de gás lacrimogéneo para conter a confusão, o que provocou vários desmaios entre os presentes e intensificou o clima de caos. Actos de vandalismo foram também registados nas imediações do cemitério, contribuindo para um clima já carregado de tristeza e desespero.
O velório ocorreu no Campo do Pombal, no dia anterior, 25, reunindo admiradores que prestaram uma última homenagem ao jovem artista. Inicialmente marcado para o dia 23, o funeral foi adiado para este domingo, dia 26, em alinhamento com os preparativos e em respeito às celebrações do aniversário da cidade de Luanda.
A autópsia realizada ao corpo de Mano Chaba confirmou que a sua morte foi causada por afogamento, sem sinais de violência física. O exame revelou que o óbito foi consequência de asfixia provocada pela entrada de água nos pulmões.
A perda de Mano Chaba deixou um vazio na cultura angolana, em particular na classe kuduristas. A sua música, marcada por autenticidade e emoção, impactou profundamente a cultura do país em tão pouco tempo. Durante o velório e funeral, fãs e admiradores expressaram o amor e respeito pelo legado do artista, mesmo em meio de conflitos.
Mano Chaba deixa para trás um legado de perseverança e criatividade, sendo lembrado como um dos grandes talentos da sua geração. A comunidade artística angolana e os fãs continuam a lamentar profundamente a sua partida precoce, mas as suas obras permanecerão como um testemunho da sua brilhante carreira.