Ao som de “Umoxi” , um dos raros registos gravados de Manuel Claudino da Silva “Manuelito”, o jornalista, Isaías Afonso e a equipe de colaboradores do programa “Poeira no Quintal” anunciavam, domingo, em Luanda, a morte do artista por doença.
Durante a emissão no espaço radiofónico, colegas e entusiastas da música angolana manifestaram consternação pela triste notícia que abalou as primeiras horas do dia. A dor no coração da ‘velharia’ era notável pelo silêncio registado por alguns segundos num dos estúdios da Rádio Nacional de Angola (RNA).
“A música continua tal como a luta e a homenagem é certa”, citou numa mensagem, Isaías Afonso, o “comandante” como era tratado pelo malogrado.
Os músicos Dikambú e Raúl Tollingas destacaram a qualidade do companheiro como “um exímio comentarista cultural e baixista com impressões digitais em muitos sucessos da música angolana”.
Xabanú e Cirineu Bastos, ausentes no estúdio, enviaram mensagens de consternação. José Cabanga, promotor cultural, partilhou o seguinte: “Kota Manelito do Marçal e dos Kissanguela, um conjunto musical de preferência do camarada Presidente, António Agostinho Neto. Um conjunto ligado à JMPLA nos anos 80. Faça uma transição em paz meu kota, camarada, amigo e companheiro, Manuel Claudino”.
O promotor cultural, Joca Matos escreveu o seguinte: “Não queria o destino que voltasses a dar o grito da independência que, brevemente, comemoraremos, deixaste-nos uma dor profunda, levaste contigo a biblioteca que nos enriquecia culturalmente. Estarás sempre presente em nossos corações Manuelito” partilhou no Poeira no Quintal.
Zeca do Bigode, amigo e promotor cultural do Núcleo do “Poeira no Deserto do Namibe” também lamentou a morte de Manuelito, assim como Domingos Brito, no Lobito. “Maldito Outubro que leva com ele muitos dos nossos e desta mais um companheiro parte para outra dimensão. Embora estamos no mês Rosa, está cada vez mais negro”, desabafou Maneco Vieira Dias, presidente da Carteira Profissional dos Artistas.
Manuel Claudino da Silva “Manuelito” nasceu no dia 2 de Julho de 1952, filho de Claudino Agostinho da Silva e de Maria Esteves Domingos da Silva. O artista está presente na memória colectiva dos angolanos com o grito “Independência” do tema “Angola Popular” do Agrupamento Kissanguela onde se destacou como baixista.
Antes passou pelos agrupamentos Mulojis do Ritmo, Os Corvos, Águias Reais, Os Merengues, dentre outros e na fase final da carreira integrou os Kiezos como vocalista. Manuelito foi um dos promotores da Associação Provincial do Carnaval de Luanda (APROCAL), gestor hoteleiro, responsável do Centro Recreativo Saydi Mingas, promotor cultural, dentre outras facetas com realce para a sua colaboração ao longo da última década no Poeira no Quintal e outros espaços culturais da Rádio Nacional de Angola.